O Mérito Do Demérito
Quantas vezes ao produzirmos algo muito legal ou inovador, ou tomarmos uma atitude antes de outras pessoas, ou citarmos um livro, filme ou exposição que acabamos de ver, muito antes de qualquer elogio ou apreciação, mas, principalmente, logo após este pequeno ato, citação ou obra ser notada, alguém sempre faz uma observação depreciativa, não ao trabalho em si, mas no sentido de diminuir o que foi feito ou dito.
“Ah, mas você é solteiro! Não tem filhos, tem tempo para fazer ou pensar nisso!”, ou “eu sou muito ocupado para mudar o que já faço...”, “faço tantas coisas e não tempo para ficar inventando moda!” e outras citações mais que sempre surgem no sentido de diminuir o está à mostra e é positivo.
Em primeiro lugar, não vejo isso como um ato de inveja, mas no sentido de se desculpar por não termos sido a pessoa que pensou ou fez isso primeiro, e ao mesmo tempo, nos sentirmos acomodados e logo culpados por acreditarmos estarmos estagnados.
Aliás, o elogio é algo difícil até de aceitar, tenho a mania de dizer tudo o que acho interessante ou belo, muitas vezes, na maioria delas também, ouço o seguinte: “Ah ,mas esta blusa é tão antiga...”, “Não percebi que isso pode ser legal ou interessante...”, “Foi a primeira que vi no armário.”.As pessoas se fecham ao que pode ser positivo, tanto no olhar quanto ao aceitar isso em nossas vidas, elas não estão mais preparadas para poderem oferecer algo de bom.
Acredito que isso veio com a idéia de nos tornamos mais críticos e não aceitarmos qualquer coisa sem analisá-las, mas esta análise para ter fundamento, precisa observar o positivo e o negativo, isso deve ser feito no sentido de dar parâmetros, no caso, onde acertamos e onde estamos errando, devemos nos atentar ao vício de sempre desmerecermos a atitude alheia de dividir algo que ela sente ser importante e somente olharmos para o que faltou.
Novamente, deixo bem claro que devemos sim apontar possíveis falhas ou aspectos que podem ser melhorados no que é observado e avaliado, mas precisamos fazer isso no momento certo e com educação, sem desmerecer o que foi feito, entendermos primeiro o seu processo, perguntarmos o que não entendemos no que nos é mostrado, procurar saber os objetivos de quem os produziu e a expectativa em relação ao foi feito, para então, fazermos as nossas inferências.
E não dizermos a primeira coisa negativa que vemos pois assim ratificamos algumas das atitudes acima citadas.
Trago esta discussão numa época de avaliações dos nossos trabalhos e do que fizemos neste primeiro semestre e vejo ser fundamental analisarmos o desenvolvimento dos alunos no que fizeram de positivo e negativo, o que alcançaram e o que ainda não conseguiram, mas principalmente, entendermos o processo de como isso aconteceu e como identificarmos primeiro os acertos para podermos criar uma boa base para arrumarmos o que não saiu como queríamos e então tentarmos concretizar os nossos objetivos de forma plena ou o mais próximo possível desta plenitude.
Luis Roder
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