sábado, 15 de fevereiro de 2014

Os Elementos da Narrativa

Os Elementos da Narrativa

Como já vimos anteriormente, a narrativa de ficção é um relato centrado num fato ou acontecimento; há personagens atuando e um narrador que relata a ação. O tempo e o cenário ou ambiente são outros elementos importantes na estrutura da narração. O autor trabalha o conjunto desses elementos no sentido de simular, de fingir uma história que reflita uma dada realidade. O universo da ficção nos apresenta uma realidade que não é verdadeira, mas é possível ser, e por isso a aceitamos como real.

O NARRADOR

O narrador é o dono da voz ou, em outras palavras, a voz que nos conta os fatos e seu desenvolvimento. Dependendo da posição do narrador em relação ao fato narrado, a narrativa pode ser feita em 1ª ou em 3ª pessoa.
Temos assim, o ângulo, o ponto de vista, o foco pelo qual serão narrados os acontecimentos (daí falar-se em foco narrativo).
Na narração em primeira pessoa, o narrador participa dos acontecimentos; é, assim, um personagem com dupla função: o personagem-narrador. Pode ter uma participação secundária nos acontecimentos, destacando-se, desse modo, seu papel de narrador, ou ter importância fundamental, sendo mesmo o personagem principal. Nesse caso, a narração em primeira pessoa permite ao autor penetrar e desvendar com maior riqueza o mundo psicológico do personagem.
É importante observar que, nas narrações em primeira pessoa, nem tudo o que é afirmado pelo narrador corresponde à "verdade", pois, como ele participa dos acontecimentos, tem deles uma visão própria, individual e, portanto, parcial. A principal características desse foco é, então, a visão subjetiva que o narrador tem dos fatos: ele narra apenas o que vê, observa e sente, ou seja, os fatos passam pelo filtro de sua emoção e percepção.
Já nas narrações em terceira pessoa, o narrador está fora dos acontecimentos; podemos dizer que ele paira acima de tudo e de todos. Essa situação lhe permite saber de tudo, do passado e do futuro, das emoções e dos pensamentos dos personagens - daí ser chamado de onisciente (oni + sciente, ou seja, "o que tem ciência de tudo", "o que sabe de tudo"). Repare que o narrador onisciente "lê" os sentimentos, os desejos mais íntimos da personagem (aliás, o narrador vê o que ninguém tem condições de ver: o mundo interior do personagem), e sabe qual será a repercussão desse ato no futuro.

O ENREDO

O enredo (ou trama, ou intriga) é, podemos dizer, o esqueleto da narrativa, aquilo que dá sustentação à história,  ou seja, é o desenrolar dos acontecimentos. Geralmente, o enredo está centrado num conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa. O enredo se organiza em torno de um conflito, ou seja, uma oposição entre os elementos da história e cria no leitor ou ouvinte expectativa em relação aos fatos. O enredo possui as seguintes partes:
Introdução (apresentação): o  narrador costuma apresentar os fatos iniciais, as personagens e, eventualmente, o o tempo e o espaço. A introdução de um texto narrativo é muito importante, porque deve despertar a atenção do leitor e situá-lo diante da história que vai ler.
Complicação (desenvolvimento): é a parte do enredo em que é desenvolvido o conflito. Uma narrativa pode ter mais de um conflito. Em um romance ou novela de Tv, por exemplo, muitos são os conflitos desenvolvidos ao longo da história.
Clímax: é o momento culminante da história, o momento de maior tensão, aquele em que o conflito atinge o seu ponto máximo. O clímax na narrativa deve despertar a curiosidade e atenção do leitor.
Desfecho (desenlace ou conclusão): é a solução do conflito, a parte final: boa, má, surpreendente, trágica, cômica ou feliz.   

AS PERSONAGENS

Os seres que participam do desenrolar dos acontecimentos, isto é, aqueles que vivem o enredo, são os personagens (em português, a palavra personagem tanto pode ser masculina como feminina).
Em geral o personagem bem construído representa uma individualidade, apresentando traços psicológicos próprios. Há também personagens que representam tipos humanos, identificados pela profissão, pelo comportamento, pela classe social, enfim, por algum traço distintivo comum a todos os indivíduos dessa categoria.
Há ainda personagens cujos traços de personalidade ou padrões de comportamento são extremamente acentuados (às vezes beirando o ridículo); nesses casos, muitos comuns, por exemplo, em novelas de televisão, temos personagens caricaturais.

Protagonistas e Antagonistas

Já sabemos que a narrativa, em geral, está centrado num conflito, que pode se dar entre o personagem e o meio físico, ou entre ele e sua consciência, ou entre dois personagens. Como exemplo: dois personagens desempenham o papel de lutadores. Em linguagem popular, temos caracterizados o "mocinho" e o "bandido" (ou, como querem alguns desenhos de televisão, "os do bem" e "os do mal"). Ou ainda, em outros termos, o herói e o vilão. Esses personagens recebem o nome de protagonista e antagonista.
Protagonista: [Do gr. protagonistés, o principal 'ator', ou 'competidor'.] S. 2g. 1. O primeiro ator do drama grego. (...) 2. Teat. e Cin. A personagem de uma peça teatral, de um filme, de um romance, etc. 3. Fig. Pessoa que desempenha ou ocupa o primeiro lugar num acontecimento.
Antagonista: [Do gr. antagonistés, pelo lat. antagonista.]. Adj. 2 g. 1 Que atua em sentido oposto, opositor, adversário. (...) S. 2g. 4. Pessoa que é contra alguém ou algo, adversário, opositor.
PS: Percebeu? Um é "o principal lutador"; o outro é "o que luta contra".
Uma observação: ao construir uma narrativa, nunca despreze o antagonista; poderíamos até mesmo afirmar que o sucesso de uma narrativa está diretamente ligado à perfeita caracterização desse personagem. Que o digam as novelas de televisão!

O AMBIENTE

Ambiente é o cenário por onde circulam personagens e onde se desenrola o enredo. Em alguns casos, a importância do ambiente é tão fundamental que ele se transforma em personagem. Por exemplo: o Nordeste, em grande parte do romance modernista brasileiro; o colégio interno, em O Ateneu, de Raul Pompéia; o caso mais nítido está em O cortiço, de Aluísio Azevedo.
Observe como sempre há relação estreita entre o personagem, seu comportamento e o ambiente que o cerca; repare como, muitas vezes, por meio dos objetos possuídos podemos fazer um retrato perfeito do possuidor.

O TEMPO

O narrador pode se posicionar de diferentes maneiras em relação ao tempo dos acontecimentos - pode narrar os fatos no tempo em que eles estão acontecendo; pode narrar um fato perfeitamente concluído; pode entremear presente e passado, utilizando a técnica de flash-back.
Há também, o tempo psicológico, que reflete angústias e ansiedades de personagens e que não mantém nenhuma relação com o tempo propriamente dito, cuja passagem é alheia à nossa vontade. Falas como "Ah, o tempo não passa..." ou "Esse minuto não acaba!" refletem o tempo psicológico. Concluindo:É necessário, portanto, mencionar o modo como tudo aconteceu detalhadamente, isto é, de que maneira o fato ocorreu. Um acontecimento pode provocar consequências, as quais devem ser observadas.


Fato - o que se vai narrar (O quê?)
Tempo - quando o fato ocorreu (Quando?)
Lugar - onde o fato se deu (Onde?)
Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com quem?)
Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê?)
Modo - como se deu o fato (Como?)
Consequências - Geralmente provoca determinado desfecho.
Após definir os elementos da narrativa, basta organizá-los para elaborar uma narração.



Concursos e as novas regras da Língua Portuguesa


A prova de língua portuguesa está presente na maioria dos concursos e costuma ter um peso considerável. Por isso, fique atento às mudanças e aproveite o período de férias para se atualizar. Para facilitar a vida de quem está correndo contra o tempo, estudando duas regras da língua portuguesa - a atual e a futura - para provas em seleções públicas, é importante organizar o estudo. Confira, a seguir, um apanhado das principais modificações da língua portuguesa:
Acentuação Gráfica

Hiatos ee e oo: eliminou-se o acento circunflexo que se usava na primeira vogal dos hiatos ee e oo. Exemplo: creem, leem, voo.
Trema: foi supimido. Exemplo: frequente, aguentar. É mantido apenas em nomes estrangeiros e derivados. Exemplo: Müller, mülleriano. Também o acento derivado da regra do trema foi abolido. Exemplo: arguem, argui (ele), arguis (tu), averiguem, averigue (ele), averigues (tu).
Ditongos ei e oi: foi eliminado o acento nos ditongos ei e oi de pronúncia aberta, mas apenas nas palavras paroxítonas. Exemplo: geleia, plateia. Nas oxítonas, o acento é mantido. Exemplo: fiéis, hotéis, dói. Também se mantém o acento no ditongo aberto eu. Exemplo: chapéu, ilhéu.
Vogais tônicas i e u: O acento no i e no u tônicos de palavras paroxítonas deixa de ser usado quando precedidos de ditongo. Exemplo: feiura, baiuca. Nas palavras oxítonas, o acento é mantido. Exemplo: Piauí, Jundiaí. O acento também continua sendo usado quando essas vogais não são precedidas de ditongo, independentemente da posição do acento tônico. Exemplo: baú, aí, saída, conteúdo.
Acentos diferenciais: não se usam mais os acentos diferenciais em palavras paroxítonas que haviam sido preservados pela reforma de 1971. Exemplo: para (verbo), pelo, pelas (verbo), pelo (substantivo), pera (fruta), pera (pedra), Pero (Pedro), pola, pols, polo, polos (substantivos), coa, coas (verbo). O Acordo, no entanto, manteve o acento diferencial nas palavras pôr (verbo) e pôde (3ª pessoa do singular do pretérito do indicativo). Além disso, introduziu, opcionalmente, o acento no substantivo fôrma, para diferenciar de forma.

Emprego do Hífen

Enquanto na acentuação gráfica ocorreu apenas a eliminação de acentos, com relação ao emprego do hífen, o Acordo retirou o hífen em muitas palavras e introduziu-o em outras.
Em palavras compostas
Com respeito às palavras compostas, manteve-se inteiramente o princípio que orienta o uso do hífen (marcar mudança no significado). Exemplo: laranja-do-céu, mão-de-obra. O Acordo faz apenas um pequeno ajuste: elimina-se o hífen em compostos que perderam a noção de composição, como ocorre em paraquedas e parquedista. Devido à relatividade da norma, é necessário aguardar o vocabulário oficial da Academia Brasileira de Letras.
Em palavras prefixadas
A principal modificação introduzida pelo Acordo nesta questão da grafia é a unificação da norma, que passa a ser aplicada uniformemente ao verdadeiros prefixos (intra, ante, anti, sub, super, pré, ...) e aos falsos prefixos (agro aero, micro, macro, mini, mono, eletro, ...), passando a se empregar obrigatoriamente o hífen nos seguintes casos:
a) Sempre que o segundo elemento começar por h. Exemplo: anti-higiênico, eletro-hidráulico.
b) Quando o primeiro elemento termina na mesma vogal com que se inicia o segundo. Exemplo: anti-inflamatório, contra-atacar.
Além dessas normas, devem-se observar também as seguintes:
a) Se o segundo elemento começar por vogal que não a final do prefixo, aglutinam-se os dois elementos. Exemplo: antiaéreo, extraescolar, neoescolástico, aeroespacial.
b) Quando aos prefixos terminados em vogal seguir elemento iniciado por r e s, estas letras devem ser dobradas. Exemplo antirreligioso, minirreforma, extrarregular, minissaia.
c) Os prefixos circum, pan, hiper, inter, super, ex (quando indica estado anterior), sota, soto, vice, vizo, pós, pré, e pró requerem hífen em outros casos, mantendo-se as regras em vigor antes do Acordo. Exemplo: circum-navegar, inter-relacionar, pré-natal, pan-americano.
d) Mantém-se a grafia sem hífen com os prefixos des, in, re, trans, entre outros de uso já consagrado. Exemplo: deserdar, inabilitar, reequilibrar, transoceânico.

e) Com relação ao prefixo sub, como se deduz da leitura atenta da base XVI do Acordo, em que pese interpretação contrária de algumas publicações, não se usa mais hifen quando a palavra que se segue inicia por r. Exemplo: subreino, subregra. Por extensão, a mesma regra se aplica aos demais prefixos terminados em b e d. Exemplo: abrogar, sobroda, adrogar.

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