Projeto Minha HQ: Um Conto de Fadas da Vida Real
Avaliação
O trabalho Minha HQ desenvolvido pelos oitavos anos A/B/C/D na E.E. Profº Luís Washington Vita já constava no planejamento das aulas de língua portuguesa do terceiro bimestre, mas a partir das necessidades detectadas durante os dois primeiros bimestres, por meio de redações, interpretações de texto e conversas na sala de aula vimos a necessidade de desenvolvermos o tema Um Conto de Fadas da Vida Real ,
Ele tinha por objetivo discutir questões que apareceram nos textos dos alunos, assim como situações vivenciadas pelos próprios, trazidas de forma direta e indireta, que envolviam o "bullying", violência doméstica, uso de drogas e vícios em geral e situações políticas que ficaram evidentes em função da sua repercussão durante o ano.
Os alunos se mostraram interessados e muito animados com a proposta do trabalho, principalmente com a ideia de trabalhar com a releitura dos contos de fadas nessa ótica das realidades vivenciadas por eles.
As disciplinas de arte e língua portuguesa decidiram de modo interdisciplinar discutir estes temas utilizando as histórias dos contos de fadas, para aliviar a densidade dos mesmos, fazendo uma releitura deles, mas trazendo com eles temas atuais, como os anteriormente citados.
Como já tinham trabalhado com a interpretação de texto de uma história em quadrinhos do Batman no primeiro bimestre, todos já estavam familiarizados com este tipo de linguagem. Porém mesmo assim eles tiveram uma aula de língua portuguesa para se familiarizarem com quadrinhos dos mais diversos tipos e tiveram uma aula específica sobre diagramação, que é a técnica de como formatar uma página e das diversas possibilidades de como isso pode ser feito, nessa aula foram trazidos cerca de sessenta revistas em quadrinhos da coleção pessoal do professor, separadas especificamente para este tipo de atividade, abordando as mais diferentes técnicas de pintura, diagramação, colorização, texturas e contextos, tais como quadrinhos americanos e mangás, para que o repertório deles na elaboração e desenvolvimento dos trabalhos fosse o mais amplo possível.
Na segunda etapa do trabalho, depois de formarem os grupos com no máximo três alunos cada, eles tiveram seis aulas de arte para fazerem os rascunhos e adiantarem o máximo possível os seus projetos. Como tinham liberdade total na escolha das técnicas, muitos experimentaram vários conceitos e ideias, mas no final, a maioria optou pelas formas tradicionais de representar os quadrinhos, sendo que apenas três grupos utilizaram a técnica da fotonovela.
Houve problemas com o prazo de entrega, um problema recorrente nesta faixa etária durante todo o ano em praticamente todas as disciplinas, pois mesmo tendo as aulas de arte para desenvolverem os seus projetos, a maioria deixou para finalizá-los na última hora e isso afetou a qualidade de muitos trabalhos que foram entregues sem arte final ou os requisitos exigidos na proposta inicial do mesmo e disponíveis no blog do professor de língua portuguesa no caso de eventuais dúvidas.
A escolha preferida nos temas foi o "bullying" entre alunos ou jovens, sempre com o protagonista fazendo um reflexão final de que isso é ruim, porém em dois casos a vingança e a punição de quem pratica o ato do ataque aponta uma preocupação de um trabalho posterior nesse sentido afim de evitar retaliações no conceito de como eles pensam que devam lidar com essas situações. Em segundo lugar vieram preocupações com as drogas, sem nenhum dos trabalhos fazerem apologia às mesmas, o que muitas vezes acaba acontecendo de forma indireta nesse tipo de abordagem desse tema. Houve duas bem interessantes que discutiram a política brasileira fazendo a abordagem do impeachment da presidente e outra sobre política mundial e duas sobre violência doméstica.
A criatividade das ideias surpreendeu com algumas histórias muito bem desenvolvidas e seguindo a proposta da releitura dos contos de fadas, cerca de quarenta por cento dos trabalhos entregues cumpriram integralmente o que foi pedido com muita qualidade e capricho , outros vinte por cento apenas fizeram referências superficiais aos contos de fadas e desviaram bastante da proposta feita e dez por cento totalmente fora do contexto e sem conexão nenhuma com o que foi proposto.
Um dado negativo foi que trinta por cento do total de alunos não entregou o trabalho e isso tem sido uma constante em qualquer tipo de atividade, onde fica claro que a falta de incentivo ou acompanhamento por parte dos pais tem atrapalhado muito o desenvolvimento dos alunos por mais que tentemos um trabalho diferenciado utilizando as mais diversas linguagens e formas de expressão e conversa com os mesmos nas reuniões de pais e convocações específicas.
Mas o mais importante de tudo foi a reflexão feita nas avaliações dos grupos da importância de discutir tais temas e de como cada grupo desenvolveu e dividiu as tarefas e a maturidade em avaliá-las e mostrarem seu entendimento no desenvolvimento do trabalho.
Falta apenas a exposição das histórias em quadrinhos no pátio da escola, que será feita depois do segundo turno das eleições, para termos o retorno de como a comunidade escolar e os demais alunos reagirão à proposta do trabalho e avaliarmos os seus resultados posteriores.
O saldo do projeto foi positivo, mostrando que o objetivo inicial do mesmo foi amplamente alcançado, mas apontando novas questões que devem ser abordadas no desenrolar dos trabalhos vindouros como a questão da vingança no "bullying" e não o entendimento de que a violência não é uma forma de resolução de problemas, mas sim a compreensão de como o mesmo afeta quem sofre esse tipo de perseguição e preconceito e finalmente a necessidade de um trabalho de engajamento dos pais dos alunos que não se envolveram neste projeto e em outras atividades desenvolvidas durante o ano, para que exista um trabalho cooperativo entre escola e pais no sentido de criarmos um ambiente favorável no desenvolvimento dos educandos e da sua autoestima.
Profº Luís Antônio Roder
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